Desventuras, gargalhadas e tinta-guache.

8.10.11



Eu tinha sete.

Quem sabe o que os olhos viam e as mãos buscavam, ávidas. Os cômodos eram reinos mágicos e perdidos; Cada som, uma sinfonia e cada recusa uma tragédia shakesperiana. A bala escondida seria o meu segredo mais mortal e nenhum dia seria tão incrível quanto os de chuva. Eu choraria por esses dias infinitos.


Os amigos seriam eternos, "nunca" e "para sempre" as expressões mais repetidas nesse vocabulário grande e orgulhoso demais para uma menina tão pequena e inquieta. As lágrimas, de tão abundantes que seriam, poderiam aparentar em certo momento que foram gastas para toda uma eternidade. Ainda parece que foram.


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4 barulhos :

{ Iguimarães } at: 16.10.11 disse...

um bom barulho de chuva!
Gostei das idéias que podem gerar interpretações diversas(quase um simbolismo hehe) "balas escondidas" chuva-chorar,e mais ambiguidade ainda no final.
Uma boa leitura.
Grande Beijo
Igor.

{ Usnave } at: 16.10.11 disse...

Quem disse que eu quero deixar de ser criança? Ele. E quem é ele? Você. Mas quem é você? Os olhos. Olhos que nos miram em tons de balas sem papel para embrulhá-las; olhos que nos dissecam como psicopatas; olhos que roubam nossos desejos; olhos que substituem nossas almas.

Quem disse que eu não sou mais criança? Ninguém.

Aquilo que é nunca pode ser literário. Como a gente nunca é, seu texto é humano nas minimas possibilidades.

Encantador! Doce e sutil. Leve, porém com o tônus de um soco nos dentes.

{ Unknown } at: 25.10.11 disse...

Não vou dizer que me surpreendo porque seria mentira, mas está cada dia melhor esse canto, dona Andressa (e eu prefiro prosa, né). ;)

{ Marcela D. } at: 26.10.11 disse...

(Qual era aquele autor que idealizava a infância mesmo? eu queria fazer piada com o nome dele mas to com preguiça de procurar no google.)

Você pensa nisso quando olha pra Rafa? Já pensou em como ela deve ver o mundo?
Acho que agora vou pensar nisso toda vez que olhar pra uma criança... Porque eu, sinceramente, esqueci de como é.

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